O Coletivo Rádio Cipó é na minha humilde opinião uma das melhores bandas que esse país já viu. Em alguns posts anteriores eu já citei um grupo de bandas que surgiram a partir dos anos 90, cada uma em um canto do Brasil, que têm uma característica em comum: a fusão de música pop moderna (rock, dub, hip-hop, jazz) com elementos tradicionais da cultura local. A mais famosa é sem dúvida nenhuma Chico Science & Nação Zumbi, talvez por ter sido uma das primeiras. Na Paraíba temos várias: As Parêa, Tocaia da Paraíba e Cabruêra (especialmente na época em que Zé Guilherme era a força criativa); no Ceará, o Maracatu Vigna Vulgaris, e provavelmente vários outros estados devem ter suas versões. A do Pará é o Coletivo Rádio Cipó .
A centelha inicial do Coletivo Rádio Cipó foi em 2001, quando começaram as primeiras experimentações e brincadeiras sonoras. A coisa evoluiu, fizeram oficinas de percussão e ritmos eletrônicos, e durante quatro meses chegaram inclusive a ter uma rádio pirata, a Rádio Cipó, no bairro da Pedreira que foi devidamente recolhida pelas autoridades. Mas a partir daí a coisa só cresceu - eles não se dizem uma "banda", mas um "núcleo de produção de mídias sonora, vídeo e arte". Em 2004, o coletivo estava pronto para gravar um disco. Esse período do grupo foi quase um happening em Belém. A integração entre o global e o popular e entre o urbano e o periférico foi muito mais abrangente do que com a Nação Zumbi. O processo contou com duas figuras históricas e até então mais ou menos obscuras da música paraense: Dona Onete, nascida em 1939 e cantora desde os nove anos, compositora de matutos, pássaros, quadrilhas, boi bumbás, sambas e carimbós; e o Mestre Laurentino, nascido em 1926, de acordo com o site da banda "completou 81 anos de vida e 60 de carreira sem ter gravado um único disco – um autêntico marginal". Cantadores populares acompanhados de uma band de electro-rap dub/jazz ou como você quiser chamar, letras que vão de jovem encontrado morto em rave após ter fritado a noite inteira a toda vez que eu vejo você meu corpo se desloca nas ondas da pororoca. Um espetáculo raríssimo, e muito bonito de se ver.
Tracklist:
01 - Cowboy Sem Lei
02 - Matinha do Cruzeiro
03 - Foguete
04 - Majey - o Terror do Setor
05 - Brasil Especial
06 - Me Considera
07 - Homem Sem Baralho
08 - Planeta Canal
09 - Choque Elétrico Piau
10 - Maresia
11 - Amor Brejeiro
12 - Paixão Cabocla
13 - Louirinha Americana versão DubMix
Clique na capa do disco pra baixar
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