segunda-feira, 21 de maio de 2012

Orquestra Boca Seca - Nega Balance [2012]


A Orquestra Boca Seca nasceu em Natal lá pelo meio da década de 2000. Nasceu de três amigos que se encontravam regularmente pra tomar uma cerveja e curar a secura da boca no bar do Otto, na capital potiguar. Os três amigos gostavam de várias coisas diferentes, mas uma era comum a todos: o samba rock. A partir daí nasceu o Trio Boca Seca, que com a adição de mais um membro virou a Orquestra Boca Seca. Começaram a ensaiar assim, meio informalmente, tocando Tim Maia, Jorge Ben, Nação Zumbi e tudo que tivesse groove. Aos poucos a coisa foi ficando organizada, a orquestra começou a tocar na noite natalense, gravaram um EP (aptamente chamado de Samba Rock), e finalmente, depois de quase cinco anos de banda, sai seu primeiro CD completo.


Nega Balance estava sendo orquestrado há anos, mas só agora viu a luz. Com dez músicas autorais, a Orquestra Boca Seca vem com um samba rock de alto nível, para ser colocado no panteão nacional junto a Eddie ou o Fino Coletivo; e num contexto local, junto a trabalhos recentes como o de Maguinho da Silva (que inclusive faz participações especiais no disco da Boca Seca), a Orquestra compõe uma paisagem sonora de groove que é bem viva em Natal. Uma boa epígrafre para o disco seria a paráfrase que a própria banda faz de Dorival Caymmi: "quem não gosta de samba rock, bom sujeito não é".





Tracklist:


01 - Nêga Amor
02 - Te Dizer
03 - Muda o Tempo
04 - Olhos Cegos
05 - Trilha Sob o Sol
06 - Deus e o Diabo na Cidade do Sol
07 - Animal
08 - Dando um Tempo
09 - Samba Rock do Superficial
10 - La Podrita de Buena
11 - Nêga Amor (ao vivo)


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quinta-feira, 17 de maio de 2012

Bonga Kwenda, Jó Maká & Tião Perazzo - Racines / De L'Angola au Brésil [1978]





Bonga Kwenda foi recentemente o tema de uma postagem por aqui. Agora trago um disco que deixa esse mestre angolano mais perto da gente. Nesse post eu falei sobre como as raízes do semba angolano e do samba angolano se misturavam. Esse disco explora com uma sensibilidade impressionante o que existe de diferente e de similar entre a música angolana e a brasileira. Para essa jornada, o angolano Bonga Kwenda se junta ao saxofonista guineense Jó Maká e ao violonista brasileiro "Tião" Rocha Perazzo


O disco é uma jornada apaixonada pela música de raiz africana dos dois lados do oceano atlântico. Do lado a sembas magistrais, encontramos jams capoeirísticas e até o clássico do forró "Pisa na Fulô". O disco não tem pretensões etnomusicológicas muito elaboradas, mas está recheado do sentimento pan-africano que varreu a música de raiz africana entre os anos 70 e 80 (aquele sentimento expresso em Africa Unite de Bob Marley), e adicionou o Brasil à luta - quando de maneira geral nosso país esteve ligado a esse movimento de maneira apenas marginal.


Tracklist:


01 - Ilia
02 - Ramedi Djá Tem
03 - Mochorinho Codé
04 - No Speed Limit
05 - Pisa na Fulô
06 - Homenagem ao Fogo Negro
07 - Dois Poemas Irmãos
08 - Rebita
09 - Capoeira
10 - Kiosque


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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Carlos Aranha - Sociedade dos Poetas Putos [1991]



O vinil da Sociedade dos Poetas Putos, gravado em Recife e lançado na Paraíba foi um desses marcos que passam meio despercebidos. Foi um marco por diversos motivos. O que hoje é o menos óbvio deles é o próprio título: no início da década de 90, a simples presença da palavra putos no título foi o suficiente para que o poeta puto em questão, Carlos Aranha, fosse censurado nos jornais, e não se queria que um nome desses aparecesse na imaculada imprensa paraibana (20 anos depois a gente escuta isso aqui no último volume no meio da rua em todo canto... sinal dos tempos).

Mas o vinil também é um marco por motivos menos prosaicos. A gravação foi feita com a ajuda do maestro carioca Osman Gioia, que à epoca era regente da Orquestra Sinfônica Jovem da Paraíba e que mais tarde ficaria conhecido como diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica de Pernambuco. Nesse disco, ele se encarregou dos teclados e da programação eletrônica: foi uma das primeiras músicas do Nordeste a usar esse tipo de recurso - que hoje pode soar meio oitentista, mas na época soava moderno. Outro dos pontos altos do disco é a participação de José de Arimatéia (o Teinha) - um dos maiores saxofonistas da Paraíba. Este disco é, enfim, um artefato perdido da história da música da paraíba, agora pela primeira vez em formato digital.

Tracklist:

01 - Sociedade dos Poetas Putos

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quinta-feira, 3 de maio de 2012

Bonga Kwenda - Angola '72 & Angola '74 [1972 & 1974]


José Adelino Barceló de Carvalho, mais conhecido como Bonga Kwenda - ou só Bonga - é de longe o mais famoso nome do semba angolano. A música africana que aqui no Brasil virou samba, lá em Angola virou semba - e de fato os dois gêneros são muito parecidos. O nome vem de masemba, que significa umbigada - o passo de dança primitivo que deu origem a toda uma cultura de música e dança urbana em Angola, que hoje em dia, além do próprio semba, também inclui o kuduro e a kizomba. O semba que se faz atualmente já é bastante estilizado, mas o som que Bonga fazia está em algum lugar entre a sofisticação de um Chico Buarque e o som de raiz de Clementina de Jesus.


Bonga tem uma vida tão interessante quanto sua música. Quando era pequeno, era o que corria mais rápido entre os amigos das favelas onde vivia. Anos depois, durante a década de 60, tornou-se recordista angolano de atletismo, recebendo convites para participar de competições internacionais na Europa - onde continuou batendo recordes. Angola, na época, era uma colônia de Portugal, e por isso poder viajar livremente fora de seu país era um privilégio para Bonga - que também era politicamente consciente da situação de sua terra natal. Em suas viagens, fez contato com vários angolanos exilados e portugueses insatisfeitos com o Estado Novo de Portugal: e graças a toda essa movimentação política foi obrigado a se exilar em Roterdã, na Holanda, onde em 1972 gravou seu primeiro disco, Angola '72. Foi o suficiente para que fosse emitida uma ordem de prisão para ele em Angola, e nos próximos anos teve de continuar seu exílio pela Europa e pelos Estados Unidos, onde começou a desenvolver sua carreira internacional, com o objetivo de fazer a música africana conhecida e respeitada no resto do mundo ocidental. Em 25 de Abril de 1974, no dia da Revolução dos Cravos que acabou com a ditadura de Portugal, lança seu segundo disco: Angola '74. Quando no ano seguinte a Angola conquista sua independência, Bonga pôde voltar, aclamado como símbolo de liberdade e de luta pela igualdade e respeito.

São esses dois primeiros discos gravados em exílio que trago aqui:

Angola '72


Tracklist:

01 - Uenqi Dia Ngola
02 - Balumukeno
03 - Ku Tando
04 - Mona Ki Ngi Xica
05 - Kilumba Dia Ngola
06 - Muadikime
07 - Luanda Nbolo
08 - Mu Nhango
09 - Paxi Ni Ncongo
10 - Muimbo Ua Sabalu

Angola '74



01 - Sodade
02 - Venda Poro
03 - Kubangela
04 - Makongo
05 - Roots
06 - Ghinawa
07 - Marika
08 - Ngana Ngonga
09 - Ai-Ue Mama

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