domingo, 26 de dezembro de 2010

As Parêa - As Parêa [2002]

As Parêa é uma banda paraibana criada no final de 1999 que no ano seguinte já estava abrindo shows de Lenine. A contrapartida paraibana do manguebit, uma mistura de música popular com rock digna de Chico Science, rock-cocos, groove-cirandas, funk-bois e todas essas misturas modernosas, mas com o sentimento folclórico fortíssimo, longe de ter sido deturpado. Pra infelicidade geral da nação, a banda encerrou as atividades num último show no centro histórico em maio de 2009.

O CD homônimo, de 2002, conta com participações e colaborações de grandes músicos paraibanos: Cátia de França, Chico César, Pedro Osmar, Escurinho, ChicoCorrea e vários outros. O resultado é de uma beleza indizível. De fato, é um dos poucos CDs que se pode acrescentar entre os adjetivos, além de "inovador", "criativo", "do caralho" e esses de praxe, um "bonito" bem enfático.

Tracklist:

01 - As Parêa Vão Tocar
02 - Zabé da Louca
03 - Negro Espírito
04 - Radical da Química do Prazer
05 - Dúvida Cruel
06 - Simbora Zé
07 - Puxando Grilo / Cyran
08 - Penerou Gavião
09 - A Pamonha do Véi Noronha
10 - Catabi
11 - Fulô do Mandacaru
12 - Evolução
13 - Ecoou

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sábado, 18 de dezembro de 2010

The Drum & Bass Fiesta [2003]


O Drum & Bass Fiesta é exatamente isso: uma festa de mais de duas horas do bom e do melhor do drum n bass. A coletânea foi feita em colaboração entre o paulista DJ Patife e o britânico DJ Suv, grandes nomes do drum n bass mundial. A mistura é perfeita: entre as músicas do gostinho europeu underground, grandes remixes de clássicos brasileiros. Desde sambas clássicos como Maria Moita, de Carlos Lyra e Vinícius de Moraes, até músicas dos paulistanos do Funk Como Le Gusta - tudo com a roupagem eletrônica light do drum n bass, dando a impressão de uma nova bossa-nova, que poderia ser o que João Gilberto teria feito lá nos anos 50 se ele tivesse uma turntable.

Tracklist:

Disco 1

01 - DJ Suv - More (feat. Virginia)
02 - DJ Suv & DJ Patife - Inta Outa
03 - DJ Suv - Sueños Diferentes (feat. Maria José)
04 - John B - We Like the Music
05 - Syndicate - Sandália de Prata (feat. J. Holland)
06 - DJ Suv - Do You Remember (feat. Tali)
07 - Supply & Demand - Piece of Mind
08 - Dave Angel - Brothers
09 - XRS - Calypso
10 - Marky & XRS - LK
11 - Artifficial Intelligence - Sky High
12 - Koloral & XRS - Look

Disco 2

01 - Cleveland Watkiss - Torch of Freedom
02 - DJ Marky, DJ Patife & Esom - Só Tinha de Ser Com Você (feat. Fernanda Porto)
03 - Sonic - Make Me Wanna
04 - Nicola Conte - Maria Moita
05 - Marky & XRS - Highlights
06 - Lemon D - Get On Down
07 - Funk Como Le Gusta - Meu Guarda Chuva
08 - Ray Keith - The Latin Quarter
09 - EZ Rollers - Ready for Love
10 - Danny C - Happy Hour
11 - Danny C - The Mexican
12 - Marky & XRS - System
13 - Greenfly - Mierda Hedionda (feat. Dionne Williams)

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domingo, 12 de dezembro de 2010

Giovanni Guaccero & Alquimia - Musica Per Le Montagne [2004]


Giovanni Guaccero é um compositor romano, filho de Domenico Guaccero, importante compositor italiano da década de 60 e 70. Domenico era ligado ao Gruppo di Improvvisazione Nuova Consonanza, importantíssimo pra cena italiana de música contemporânea e experimental; seu trabalho se enquadra na "experimentação pós-Cage", na subordinação da composição à improvisação. Foi nesse ambiente de experimentalismo pesado que Giovanni cresceu.

Mas também não demorou muito pra que Giovanni conhecesse a música brasileira, virasse fã de Ney Matogrosso e abraçasse o Brasil com toda a força. E foi juntando essas duas vertentes tão distantes que nasceu o trabalho dele, que já trabalhou com Ennio Morricone e com Rosalia de Souza.

No Musica per le Montagne, quem acompanha o compositor é o grupo Alquimia (formado por Alessandra del Maro, Stefano Cogolo, Nicola Raffone e Gianfranco Tedeschi), e as composições foram todas feitas para acompanhar o video Le montagne del sapone, do cineasta Silvio Montanaro, gravado no cânion de Verdon, na França. É um semi-documentário alpinístico pensado para ser um espetáculo multimídia. A música, porém, tem força o suficiente para se impor mesmo sem o filme. Em meio a ocasionais "experimentações luciferinas", como avisa o encarte, há uma leveza tranqüilizante, uma brasilidade sutil, uma atmosfera quase transcendental. É daqueles discos para se ouvir de noite, com meia-luz e almofadas no chão.

Tracklist:

partire
01 - Viaggio (1)
02 - Montagne (1)
03 - Movimento dell'onda
04 - Meu desejo
cadere
05 - Montagne (2)
06 - Fatica
07 - Vortice
08 - Seduzione
09 - Distanza
salire
10 - Lontanta l'ultima stella
11 - Raro mistério azul
12 - Leggerezza
13 - Música de estrelas
14 - Personaggio possibile
15 - Viaggio (2)

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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Companhia Carroça de Mamulengos - Alumiação [1996]


Se você estudou ou trabalhou na Sempre-Viva ou no IPEI, não preciso nem apresentar a Cia. Carroça de Mamulengos. Pra quem não é dessa geração pessoense, os apresento. A semente inicial foi o grupo de teatro de rua Carroça, de Brasília, criado em 1975, do qual fazia parte Carlos Gomide. O grupo acabou, mas o nome permaneceu. Viajou pelo Brasil inteiro, aprendendo sobre os mais diversos tipos de manifestação artística popular, especialmente o teatro de bonecos - daí os mamulengos da carroça. Em 1982, Carlos conhece Schirley França, que também trabalhava com teatro, e ela se torna sua eterna acompanhante, com quem teve inúmeros filhos que também compõem a trupe de teatro, música, circo e tudo que há de bom. O grupo, com seu caráter quase hereditário, ainda está na ativa, inclusive com um disco em fase de finalização produzido por Totonho.

Alumiação foi gravado em João Pessoa em 1996, com o apoio do Musiclube de Paraíba, e é uma coleção de músicas folclóricas, cantigas infantis, cirandas, com uma atmosfera que remete a um Brasil rural, bucólico, pacato, tranqüilo e, pra quem estudou na Sempre-Viva, cheio de xarope de guaraná e goiaba colhida do pé.

Tracklist:

01 - Casa Santa
02 - Reisado
03 - Burrinha
04 - Carneirinho
05 - Tamanduá
06 - Veado
07 - Jaraguá
08 - Boi
09 - Miota
10 - Menina Lua
11 - Papai Curumiaçu, Mamãe Curumiari
12 - Quatro Elementos
13 - Canção Para Ninar
14 - Tabuada
15 - Terreiro da Vovó
16 - Vovó Chiquinha
17 - Pica-Pau
18 - Brincadeira de Mateus
19 - Lavadeira
20 - Canções de Palhaço

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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Assaltarte [1994]


O nome Assaltarte foi utilizado pela primeira vez nos anos 80 pela professora de Fortaleza Izaira Silvino, que regia o coral da UFCE e que realizava intervenções nas salas de aula. O mesmo nome foi assumido na Paraíba por Marcos Fonseca, Xisto Medeiros e Milton Dornellas em setembro de 1991. A proposta era a de fazer um grupo musical que fizesse intervenções nas ruas, escolas, bares, restaurantes, magazines, cinemas, teatros, bibliotecas e centros comunitários, com o objetivo também de provocar as pessoas à reflexão sobre as "possibilidades de ação constante".

Originalmente, o Assaltarte só contava com os instrumentos dos três integrantes: Marcos tocava viola clássica, Xisto tocava contrabaixo acústico e elétrico e Milton Dornellas ficava na voz e no violão. Nesse CD, gravado em 1994, há a participação de muito mais músicos, dando uma incrementada no som. Entre os músicos que participam no CD, estão Escurinho, Hermes Gongué, Sérgio Gallo, Archidy, Soraia Bandeira, Didier Guigue, além de composições de Totonho, Adeildo Vieira e Pedro Osmar. Entre os intrumentos que preenchem o som, há desde tambores falantes, moringas, violoncelos e espirais de caderno.

O CD é um registro de um dos movimentos musicais paraibanos mais significativos da época, e mostra a criatividade e a variedade dos compositores daqui: entre as músicas há desde solos virtuosos de baixo (Bassist's) até um reggae roots sobre massagem nos pés (Massagem), passando pela típica música nordestina e paraibana (Boi Germinal).

Tracklist:

01 - Massagem (Marcos Fonseca)
02 - Meninos (Milton Dornellas, Adeildo Vieira, Pedro Osmar, Totonho)
03 - Abraço ao Mano - dedicado a Alfredinho (Xisto Medeiros)
04 - Baião do Galo (Milton Dornellas, Ronaldo Monte de Almeida)
05 - Boi Germinal (Marcos Fonseca)
06 - Bassist's (Xisto Medeiros)
07 - Branco (Marcos Fonseca)
08 - Mural (Milton Dornellas)
09 - Anjos (Xisto Medeiros)
10 - Passarinho (Marcos Fonseca)
11 - Opus Incertum (Milton Dornellas)

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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tribo Éthnos - Meddrooaavon [2000]



A Tribo Éthnos, nascida em 1990 idealizada por Vant Vaz é mais do que uma banda. É um coletivo multimídia, integrando música, artes plásticas, quadrinhos, dança e até moda. Um grupo literalmente ahead of their time, fazendo aquelas misturas quase esquizofrênicas de música indígena, hip-hop, jazz, música erudita, música africana e o que mais você quiser que só iriam aparecer com mais freqüência nesse mundo alguns anos mais pra frente.

O Meddrooaavon, gravado entre 1996 e 1997 mas só lançado em 2000, é um bom exemplo disso. O CD todo é recheado de uma vibe new age à anos 80 que pode incomodar algumas pessoas, mas mesmo para essas pessoas o CD é recheado de pontos altos. A faixa "Meu Brasil Que Não é Meu" é um fantástico quase-ragga bem pra cima que não é difícil de se imaginar como sendo um daqueles hits alternativos anos 90 que marcam uma geração, se não fosse o boicote quase criminoso à Tribo Éthnos por parte da grande mídia - ainda hoje, 20 anos depois, a Tribo Éthnos é relativamente pouco reconhecida, e tem muita gente que "sabe que existe mas nunca escutou".

Outro ponto fortíssimo do álbum é a faixa "Euroasioamerindioafricano", que já no título mostra o cosmopolitismo da banda - a música é um canto de capoeira-rap do século 22, a materialização do berimbau elétrico gritado por Chico Science. Aliás, a Tribo de Vant e a Nação de Chico têm muito em comum, a fusão do local com o internacional, a globalização musicada.

Um detalhe interessante sobre esse CD é a participação do jovem Esmeraldo Marques (mais conhecido hoje como DJ ChicoCorrea) anos antes do surgimento da sua Electronic Band, mas já mostrando aquela boa instiguinha eletrônica que mais de uma década depois ia arrastar tanto pé e tanta cabeça mundo afora.

Tracklist:

01 - Nova Ordem
02 - Shainirun
03 - Catiti & Cairê
04 - Pitiguartupi
05 - Canção do Vento
06 - Euroasioamerindioafricano
07 - Canto aos Deserdados do Sol
08 - Fattha
09 - Sexus
10 - Meu Brasil Que Não é Meu
11 - Akushu
12 - Meigetsu
13 - Insanniddad
14 - Rebelião em Robotia
15 - A Chave de Tudo
16 - Nahuxa
17 - Shaya
18 - Eterno

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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DJ Cheb i Sabbah - As Far as a DJ Mix [2003]


Haim Sérge El Baaz, conhecido como Cheb i Sabbah (até 2005 era DJ Cheb i Sabbah), nasceu em Constantina, na Argélia. Nos anos 60, se mudou pra Paris, e lá trabalhou por um tempo discotecando música soul americana. Desde então não parou mais. Nessa época, entrou em contato com o Living Theatre (um grupo de teatro tão peso que quando veio fazer turnê no Brasil foi expulso pelos militares porque eles "denegriam a imagem do Brasil"), o que influenciou seu estilo de discotecagem de maneira profunda. Ainda através desse grupo, conheceu o ilustre trompetista free jazz Don Cherry, que foi um mentor para o jovem Sabbah. Desde os anos 80, ele começou uma carreira solo mais consistente, juntando todas as influências por trás dele, criando um estilo único de música judaico-arábica-andaluz, e um número imenso de estilos musicais do mundo inteiro que você não conseguiria nem começar a pronunciar.

Esse disco contém várias faixas remixadas de artistas árabes, africanos, indianos e mais países, com inclusive a participação especial de Don Cherry na faixa 13. Um exercício interessante pra conhecer mais música é ir atrás dos artistas que foram remixados. A faixa 5 é uma homenagem a Lounès Matoub, um músico berbere que foi assassinado pela polícia algerina, por causa de suas músicas altamente revolucionárias e contestadoras e de seu forte ativismo político.

Tracklist:

01 - Solace - Saptak, the Samaya Mix
02 - Najma - Miskatonic
03 - Asian Dub Foundation - Colour Line
04 - Paul Horn - Agra, the Emerald Mix
05 - Pour Matoub
06 - Toires - Layloun Lokdhor
07 - Natacha Atlas - Soleil d'Egypte
08 - Makale - Salla
09 - Gnawa Impulse - Lahillah Express (remixed by Jan Rase)
10 - Trilok Gurtu - Have We Lost our Dream
11 - Sékouba Bambino - Sinikan
12 - Sangoma, Suzan Hendricks, & The Traditional Healers - Ngihawukele Thonga Lami
13 - Audio Letter, featuring Don Cherry - Neti-Neti, the Hear & Now remix
14 - Hari om Narayan

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Prelúdio

Bem vindos, senhoras e senhores, a mais um desses blogs destinados a compartilhar música difícil de encontrar de todos os cantos do mundo.

Não criei esse blog com nenhuma pretensão de fazer um blog que seja seguido por milhares de pessoas, que disponibilize as gravações de melhor qualidade, que seja referência no (vastíssimo) mundo de sites do tipo. Criei simplesmente porque existem algumas coisas que eu acho que precisam ser compartilhadas e que só se encontram com muita dificuldade - uma pequena contribuição no sentido de algum dia chegarmos ao estado em que será possível encontrar tudo na internet. Até lá, irei postando. E não esperem nenhuma freqüência fixa de postagens ou foco em um tipo específico de música... aliás, não esperem nada. Só espero que eu possa fazer você escutar alguma coisa que você não escutaria normalmente.

Porque existem mais coisas entre céu e terra do que supõe nossa vã filosofia.

Bons downloads.