Mauricio Kagel era filho de judeus russos refugiados na Argentina, nasceu em Buenos Aires e com 26 anos mudou-se definitivamente para a Alemanha. Sua obra pode ser descrita como uma versão absurda e menos megalomaníaca da noção de Obra de Arte Total de Wagner. As partituras das suas obras contém não só instruções sobre a música a ser tocada, mas também a distribuição dos músicos no palco, falas, gestos, figurinos, interações físicas com outros músicos, mímicas e todo tipo de coisa não musical. Muitas vezes também existia um grande espaço para improvisação nas suas peças.
Esse álbum contém duas composições de Kagel, Heterophonie e Improvisation Ajoutée. Apesar de ter sido lançado em 2002, as gravações são muito mais antigas: a primeira foi gravada em 1967 e a última em 1966. Heterophonie é uma peça para orquestra em que várias linhas melódicas se sobrepõem aleatoriamente criando uma espécie de polifonia caótica que flutua em vários níveis de densidade sonora. Improvisation Ajoutée é uma peça de improviso para órgão, para um organista e dois assistentes que gritam, gemem e mexem nos botões que mudam os timbres do órgão.
Uma das pessoas que foram afetadas por essas gravações foi o jovem John Zorn, que quando tinha quinze anos comprou por 98 centavos um vinil da Improvisation Ajoutée e colocou pra tocar na casa de um amigo dele que gostava de Rolling Stones. Enquanto o amigo o olhava com terror e a mãe do amigo gritava mandando tirar o disco da vitrola, John Zorn pensava: "essa é a música!".
Abaixo, uma pequena amostra das obras mais teatrais de Kagel: uma partida de ping-pong para dois violoncelos (os jogadores) e um percussionista (o juiz):
01 - Heterophonie I
02 - Heterophonie II
03 - Heterophonie III
04 - Heterophonie IV
05 - Heterophonie V
06 - Improvisation Ajoutée
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