quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Grupo Etnia - Canto Cereal [1992]


O Grupo Etnia foi um grupo que, entre 1986 e 1994 reuniu quatro músicos que moravam em João Pessoa: Alice Lumi, etnomusicóloga paulista descendente de japoneses, que toca uma profusão de instrumentos étnicos de sopro, cordas e percussão; Fernando Pintassilgo, graduado em flauta transversal na UFPB e especialista em instrumentos de sopro folclóricos; Paulo Ró, também conhecido pelo seu trabalho solo e com o Jaguaribe Carne; e Milton Dornellas, que há muito tempo desenvolve seu trabalho como intérprete e compositor em João Pessoa.

A idéia do Grupo Etnia era a de compor e interpretar músicas folclóricas e tradicionais de vários lugares do mundo. Há uma profusão de músicas andinas, com charangos e flautas tradicionais, além de samba, ciranda, música japonesa e até experimentações com música eletrônica e atonal. Apesar da disparidade de estilos, uma música céltica irlandesa é seguida de um caboclinho com naturalidade, dando ao disco uma sonoridade impressionantemente coesa. Além disso, o disco é de um grande interesse histórico, pelo simples fato de reunir quatro grandes personalidades da história da música paraibana recente.

Tracklist:

01 - Canto Cereal
02 - Will Ye Go To Flanders - Tae the Begin
03 - Caboclinhos
04 - Ciranda
05 - Huayno para la Luna
06 - Quarup
07 - Meu Canto tem Velas
08 - Kátems
09 - Deixa eu Tocar
10 - Piratas de Jaguaribe
11 - Pau-de-sebo

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boTECOeletro - boTECOeletro [2004]


boTECOeletro é o projeto solo do músico Ricardo Imperatore. Ricardo entrou no mundo da música em 1984, quando fundou junto a Toni Garrido a Banda Bel. Depois disso ainda saiu em turnê com os Titãs e se apresentou com o Monobloco em algumas ocasiões, mas desde 2001 se dedica quase que exclusivamente ao boTECOeletro. Esse projeto faz parte de uma tendência do novo milênio de transformar o trabalho do DJ em um trabalho tão criativo, autoral e respeitado quanto o de qualquer outro músico. Embora a maior parte das músicas do CD sejam construídas com base em samples, existe uma coesão que não seria possível simplesmente colocando um sample depois do outro. É possível escutar de Jackson do Pandeiro a Radamés Gnattali, de funk carioca a banda de pífanos de caruaru. Sem dúvida uma obra prima da música eletrônica brasileira.



Tracklist:

01 - Coco Nutz Mass
02 - Jackson de Aço
03 - Botecoeletro Visita as Baianas Mensageiras de Sta. Luzia
04 - Pife de Pá! Nela
05 - Celtic Charm
06 - É Ruim, Hein!
07 - Bonde da Cuíca
08 - Omelete Banana
09 - Leva eu Sodade
10 - Transbau
11 - Coco Nutz Mass Extended
12 -É Ruim, Hein! (Para DJs)

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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Zé Manoel - Zé Manoel [2012]


Num gênero como o samba, que já conta na sua história com personagens tão imponentes quanto Cartola, Vinícius de Moraes ou Paulinho da Viola, parece difícil criar algo novo que tenha alguma relevância. Felizmente, ainda surgem personagens no Brasil que encaram o desafio da continuidade à altura. Mas mais difícil ainda é encontrar um desses saindo do Nordeste que consiga quebrar a hegemonia do samba do Sudeste. O pernambucano Zé Manoel quebra esses dois estigmas de uma vez só.

Vindo de Petrolina, na fronteira com a Bahia, Zé Manoel começou sua vida musical tocando guitarra, mas logo começou a estudar piano clássico e, por influência do gosto musical do pai, começou a tocar samba, e logo começou também a cantar e a compor no piano. As músicas desse disco, na beleza das composições e na qualidade dos arranjos, não deixa a desejar a nenhum dos grandes nomes do samba. Entre as suas composições, também está no CD o Samba Manco, uma música do paulista Kiko Dinucci, outro grande nome do samba feito pela nova geração. Ter essa música regravada por esse pianista pernambucano consagra Kiko Dinucci como autor dos novos standards do gênero, e a pura qualidade musical confere a Zé Manoel a credencial de continuador do samba, seguindo o conselho de Alcione de anos atrás.



Tracklist:

01 - Sol das Lavadeiras
02 - Deixar Partir
03 - Samba Tem
04 - Fantasia de um Alecrim Dourado
05 - Dizem (Quem Não Chora Não Mama)
06 - Acorda Flor
07 - Noites Brejeiras
08 - Cinema Nacional
09 - O Pintor de Retratos
10 - Valsa da Ilusão
11 - Samba Manco
12 - Saraivadas de Felicidade
13 - Acabou-se Assim
14 - Calundú

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Amplexos - A Música da Alma [2012]


Desde Debussy, cem anos atrás, que se profetiza que os próximos caminhos a serem trilhados pela música serão ditados pelo timbre. Nesse tempo, maneiras cada vez mais sutis e detalhadas de se mexer com o colorido do som apareceram, e agora dominam também a música popular. A banda Amplexos, de Volta Redonda, no interior carioca, se posiciona nessa linha de frente. Numa época em que provavelmente existe mais gente fazendo afrobeat no Brasil do que na Nigéria e em que qualquer pipoqueiro monta uma banda de reggae, fazer uma banda nessa linha que tenha alguma relevância é um trabalho enorme de refinamento musical. E aí está o trunfo da Amplexos. Nesse segundo disco, dub, afrobeat, soul e funk se juntam em ambiências construídas meticulosamente - nada parece fora do lugar.

Duas pessoas contribuíram com grandes doses de esmero musical para o produto final, de modo a deixar claro que ninguém está brincando. Primeiro, Amplexos teve a tutelagem do veterano do afrobeat Oghene Kologbo, que já tocou com o próprio Fela Kuti e que foi parar em Volta Redonda, onde ensinou aos rapazes da banda como fazer o autêntico afrobeat e como levar a música pras ruas. Segundo, o disco foi produzido pelo mítico Buguinha Dub, o King Tubby brasileiro, o peso pesado do dub, conhecido, entre outras coisas, pelo seu trabalho solo e pelas suas colaborações com Nação Zumbi. Juntando isso tudo com as composições do vocalista, Guga, esse disco se torna uma pequena jóia do dub alternativo brasileiro.



Tracklist:

01 - Falsa Salsa
02 - Boladão
03 - Making Love
04 - Sim
05 - Afrobeat
06 - Filho
07 - O Homem
08 - Mistério
09 - Festa
10 - Leão

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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

The Silvias:20HorasDomingo - Ao Vivo no Casarão 34 [2007]


Recentemente postei aqui o (até agora) único EP de The Silvias:20HorasDomingo, banda de pós-rock do underground pessoense. Para quem não se contentou com as cinco faixas, aí vai um show ao vivo no Casarão 34, com músicas do EP, músicas novas e até uma versão de Careful With That Axe, Eugene, de Pink Floyd. O bootleg aqui também mostra uma formação diferente da do EP, com o percussionista João Cassiano (também da ChicoCorrea & Electronic Band).

Aliás, chamar The Silvias de uma banda de pós-rock talvez seja uma super-simplificação. Dub? Jazz fusion? Música oriental? Só ouvindo, meus caros.



Tracklist:

01 - Ciganos Romenos
02 - Por Trás da Porta Verde
03 - Canção Noir
04 - O Imaginário
05 - Dharma/Vinheta/Careful With that Axe, Eugene
06 - Fábula
07 - Preludium
08 - Roda Gigante
09 - Dub do Boi de Marrakech
10 - O Vácuo
11 - Ciganos Romenos (Versão II)

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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Metá Metá - MetaL MetaL [2012]


Conheça MetaL MetaL, o novo e surpreendente disco do trio Metá Metá, formado por Kiko Dinucci, Thiago França e Juçara Marçal. A trupe não é nova aqui no blog, e confirmo o que já disse sobre eles antes: fazem parte do grupo mais prolífico e criativo da música de São Paulo atualmente. Junto a outros músicos, como Gui Amabis, Rodrigo Campos, Rômulo Fróes e vários outros, criaram uma discografia afro-global de um nível musical altíssimo, do qual o trio Metá Metá é apenas uma das faces.

O primeiro disco do trio, também chamado Metá Metá, foi lançado no ano passado. É um disco conceitual, coeso, completamente original no seu tratamento de temas tradicionais. Uma africanidade lo-fi. Nesse segundo disco, os temas são os mesmos, mas a pegada é completamente diferente. Se no primeiro disco quase não havia percussão, nesse há participação especial de Sergio Machado na bateria e Samba Sam na percussão em todas as faixas, mais Marcelo Cabral no baixo dando um peso que não existia antes. Daí o nome MetaL MetaL: esse disco mostra o lado mais pesado do trio, com jams agressivas, grooves hipnóticos e até Kiko Dinucci abandonando seu habitual violão em algumas faixas e tocando guitarra. Entre composições novas, releituras de músicas antigas e até uma música de Itamar Assumpção, o MetaL MetaL entra no panteão dos melhores discos de influência africana feitas no mundo nos últimos tempos.


Tracklist:

01 - Exu
02 - Oya
03 - São Jorge
04 - Man Feriman
05 - Rainha das Cabeças
06 - Cobra Rasteira
07 - Logun
08 - Orunmila
09 - Tristeza Não

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

The Silvias:20HorasDomingo - Rec In Para um Sonho [2003]


Hoje em dia João Pessoa é uma referência no meio da música alternativa na questão de bandas instrumentais, com grandes nomes de peso como Burro Morto, Ubella Preta ou Parahyba Art Ensemble. Mas a tradição de música instrumental e experimental é bem mais antiga que essa explosão recente. Desde o Úvulas Ardientes de Didier Guigue, passando pelo disco Instrumental de Jaguaribe Carne, até o mais recente The Silvias:20HorasDomingo.


Formado por Rodrigo Silvia, Bruno Sérgio, Thiago Verdee (hoje artista plástico) e o membro da ChicoCorrea & Electronic Band e SeuPereira e Coletivo 401 Thiago Sombra, The Silvias tinha uma forte influência de vários tipos de música instrumental e experimental, do dub jamaicano ao post-rock. Esse disco de 2003 é uma boa amostra da música instrumental paraibana do começo do milênio.




Tracklist:

01 - Limbo
02 - Vinheta (Greensleves)
03 - Preludium
04 - Canção Noir
05 - O Vácuo

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Sektor Gaza - Sektor Gaza [1989]


É possível que atualmente a banda punk russa mais conhecida mundialmente seja Pussy Riot, o grupo feminista que foi preso recentemente por fazer uma "oração punk" dentro de uma igreja de Moscou. Mas talvez a banda punk mais conhecida dentro da russa seja a já extinta Sektor Gaza. Essa banda surgiu em 1987, na cidade de Voronež, perto da fronteira com a Ucrânia, liderada pelo cantor e guitarrista Yuri Klinskikh.

Musicalmente, Sektor Gaza tem o punk como base, mas se ramifica pra onde for preciso para  passar a mensagem, do rap à música folclórica russa. Mas é nas letras que todo o espírito punk realmente transparece. De pesadas críticas ao governo, à sociedade industrial (o nome da banda não tem nada a ver com a faixa de Gaza no Oriente Médio: significa "setor de gás", e é o nome com que os habitantes de Voronež chamam uma parte da cidade com um índice altíssimo de contaminação industrial), até letras explicitamente obscenas contribuiram para que mesmo no auge de sua popularidade a banda tivesse quase nenhum reconhecimento oficial da mídia russa.

A banda terminou em 2000, quando Yuri Klinskikh morreu de um ataque cardíaco repentino pouco antes de gravar um clipe para a banda.



Tracklist:

01 - Sektor Gaza [Setor de Gás]
02 - Angel Seksa [Anjo do Sexo]
03 - Avto-Mat [Metralhadora]
04 - Ja Močilsja v Noč'! [Eu Estava Mijando de Noite!]
05 - Estradnaja Pesnja [Canção de Variedade]
06 - Abort Ili Rody [Aborto ou Nascimento]
07 - Samogonščki [Fazedores de Luar]
08 - Spokojnoj Noči, Malyši [Boa Noite, Crianças]
09 - Ja - Mraz' [Eu - Otário]
10 - Sumasšedšij Trup [Cadáver Louco]
11 - Podkup [Propina]
12 - Duraki [Tolos]
13 - Vojna [Guerra]

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domingo, 4 de novembro de 2012

Shawn Lee & Clutchy Hopkins - Fascinating Fingers [2009]


Esse disco é um mistério. É uma colaboração entre dois músicos, Shawn Lee e Clutchy Hopkins. Shawn é um multi-instrumentista com uma variedade imensa de trabalhos que transitam entre o funk, o soul, o jazz e música eletrônica. Clutchy ninguém sabe quem é. Existem seis discos que levam o seu nome, cinco dos quais lançados pela Ubiquity Records, uma gravadora especializada em funk, soul e hip-hop - e que também lança os trabalhos de Shawn Lee. Há quem diga que Shawn e Clutchy são a mesma pessoa, há quem diga que Clutchy é o DJ Shadow, a primeira pessoa a lançar um disco feito exclusivamente de samples - e abundam teorias sobre a sua identidade. Mas a verdade é que ninguém sabe, e nenhuma dica significativa foi dada até agora. No video abaixo, Shawn Lee, usando uma máscara de tigre, fala sobre a primeira vez em que ouviu a música de Clutchy Hopkins. Sim, a música desse disco é tão excêntrica quanto seus autores. Pra quem gosta de jazz, funk e música estranha dançante.



Tracklist:

01 - 70 MPH Isn't Fast Enough to Get Out of Nebraska
02 - 7 Inch
03 - Mimi Tatonka
04 - Root Trees
05 - Cross Rhodes
06 - Chapter 2
07 - Ancient Chinese Secret
08 - Fish Sauce
09 - Name Game
10 - Bootie Beat
11 - Willie Groovemaker
12 - What More Can I Say (Top Chillin')

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