quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Madalena Moog - Philipéia [2012]


Madalena Moog é uma banda que já participa há algum tempo do cenário independente de João Pessoa. O seu mentor, Patativa Moog, não é paraibano de nascença, mas é de vivência. Mora no centro histórico da cidade, e tem o privilégio de ser quase vizinho de um dos principais pontos de encontro de figuras interessantes do lugar: a Cachaçaria Philipéia. Philipéia de Nossa Senhora das Neves é o nome colonial da capital paraibana. A cachaçaria é um ponto focal do centro, um daqueles lugares tão carregados de conversas sóbrias e bêbadas que só de se entrar a pessoa já se sente parte da história da cidade.

Philipéia, o disco novo de Madalena Moog, funciona como ode a João Pessoa e como homenagem à cachaçaria, que por si só também é uma ode a João Pessoa. É um daqueles discos pra ser escutado do começo ao fim, na ordem. O som se distancia cada vez mais do rock dos primeiros discos, e abraça uma coisa mais light, mais samba, mais carnaval. As letras, mesmo quando não falam sobre a cidade, falam sobre a cidade. Um trecho de uma letra diz: "deu no jornal, vai ter aumento de passagem". Pode ser qualquer lugar do Brasil, mas ao mesmo tempo soa extremamente pessoense no contexto.

O disco fecha com um interessantíssimo depoimento de um dos pioneiros do samba, um conselho para qualquer pessoa que faça música brasileira e que queira ter alguma relevância musical em qualquer época.

O lançamento do CD acontece hoje (23/08) no Sebo Cultural, no Centro Histórico.





Tracklist:

01 - Ela Só Pensa Em Namorar
02 - Bifurcação
03 - Felicidade
04 - Philipéia
05 - As Borboletas
06 - Como É Triste!
07 - Beco da Cachaça
08 - Elogio ao Mestre Donga

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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Bole 2 Harlem - Vol. 01 [2006]


Bole 2 Harlem é o projeto de três músicos que se encontraram no Harlem, em Nova Iorque: a cantora Tigist Shibabaw, o rapper Maki Siraj e o produtor Duke Mushroom Schommer. Shibabaw e Siraj são etíopes de nascença (Siraj escapou por pouco de ter que lutar na guerra aos 13 anos), e quando se conheceram em Nova Iorque começaram a discutir o conceito de Abesha MC. Os Abesha são uma das etnias mais características da Etiópia, e o Abesha MC incorpora elementos da sua terra natal com o hip hop e a música urbana americana. A imagem mental que eles queriam criar era a de alguém pegando um táxi no Harlem e saindo em Bole, a região em que fica o aeroporto internacional de Addis Abeba, a capital da Etiópia.

Mas as influências não se limitam a isso. Maki Siraj pensa em uma nova maneira de fazer hip hop, que ele chama de World Flow. Suas influências incluem música do Marrocos, da Jamaica,  de Mali, da França, do Senegal e inclusive do Brasil - na faixa Endegena há a participação especial de Davi Vieira, percussionista brasileiro que tem uma banda de forró em Nova Iorque, Forró in the Dark.



Tracklist:

01 - Bole 2 Harlem
02 - Hoya Hoye
03 - Enseralen Gojo
04 - Ametbale
05 - Hi Loga
06 - Endegena
07 - Home
08 - Ya Selam
09 - Aya Bellew
10 - Harlem 2 Bole
11 - Quralew
12 - Enseralen Gojo (remix)
13 - Africaye!

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sábado, 11 de agosto de 2012

João Cassiano - Nômade Riddim Vol. 05 [2012]


João Cassiano, percussionista da ChicoCorrea & Electronic Band e da companhia de dança Lunay, lança o quinto volume de sua coleção de beats e riddims eletrônicos. A coleção Nômade Riddim é fruto de uma dedicada pesquisa sobre as culturas de música eletrônica e música folclórica do mundo inteiro, principalmente dos países de terceiro mundo, que têm uma estética singular. Você encontra os outros volumes da série aqui e aqui.

 


Tracklist

01 - Warp Zone
02 - Caipirinha Freestyle
03 - Nes Pad
04 - Calango Riddim
05 - Cumbia da Espera
06 - ARAB
07 - Maresia Riddim
08 - La Craw 68

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Milton Dornellas - Bom Mesmo é a Gargalhada no Final [2012]


Milton Dornellas, uma das figuras centrais da música paraibana atual, lança seu disco mais novo, Bom Mesmo é a Gargalhada no Final - título tirado de uma frase que seu amigo Pedro Osmar costuma falar. O álbum é incomum na discografia de Milton por ter relativamente muito poucas músicas com letra, fato que ressalta uma de suas principais habilidades: compor melodias. Melodias simples, com aquele frescor típico da música popular, que se repete sem nunca se tornar cansativo, arranjados em uma textura leve. Muito do êxito do álbum se deve também aos instrumentistas: além do próprio Milton cantando e tocando violões e bandolins, participam do grupo desse disco na sanfona Helinho Medeiros (que entre outras coisas toca com Paulo Ró, no Remandiola Trio e ocasionalmente com o grupo de música barroca Camena), no baixo Chico Limeira (que toca cavaquinho com o grupo de samba Trem das Onze e baixo com o Sonora Samba Groove), na guitarra Marcelo Macedo (dono do estúdio Peixe Boi, onde foi gravado o disco, e também guitarrista do Néctar do Groove) e na percussão Paulinho Tazz (também do Trem das Onze).



Tracklist


01 - Encanto
02 - Abismo
03 - Jaborandi
04 - Frei Tito
05 - Praça Rio Branco
06 - Capeta Jr.
07 - Vôo do Passarinho
08 - Bom Mesmo é a Gargalhada no Final

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Archie Shepp & Chris McGregor - En Concert à Banlieues Bleues [1989]


Nesses tempos em que a música africana está tão em alta, esse disco merecia ser amplamente conhecido pelos amantes do afrobeat e similares. Ele reune dois grandes mestres pouco conhecidos do público. Um deles é Archie Shepp, saxofonista famoso por seu envolvimento com a luta pelos direitos negros, tema muito presente em sua música, que explora principalmente o free jazz (Shepp já tocou inclusive com John Coltrane), e a partir do final dos anos 60 começa a incorporar elementos africanos. O outro é africano de nascença: Chris McGregor é um pianista sulafricano que desde muito cedo foi influenciado pela cultura xhosa (a etnia de Nelson Mandela). Sua banda mais famosa foi a Brotherhood of Breath, montada em Londres e composta principalmente de músicos sulafricanos exilados, tocando free jazz com influências de sua terra natal.

Esse disco foi gravado ao vivo no festival parisiense de jazz Banlieues Bleues, um ano antes da morte de Chris McGregor - mas a vitalidade presente na gravação é impressionante. Uma hora de afrojazz impecável, com participações vocais de Sonti Mndebélé que dão o toque africano à música e provam que afrobeat não é a única maneira de juntar saxofone com música africana e conseguir um resultado bom.

Tracklist:

01 - Sangena
02 - Mayebuye
03 - Country Cooking
04 - Jikele
05 - Presentation
06 - Steam
07 - Sweet as Honey
08 - Bessie Smith's Blues

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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Areia e Grupo de Música Aberta - Para Perdedores [2012]


Quando se fala de música improvisada hoje em dia, na maior parte das vezes se pensa apenas em jazz. Mas na verdade o improviso é o ponto central de inúmeras culturas musicais no mundo inteiro e em todas as épocas, da música da grécia antiga à cantoria dos violeiros nordestinos. O baixista Areia (que também toca numa das principais bandas do manguebit recifense, Mundo Livre S/A) decide em seu trabalho mais recente abandonar as convenções da improvisação jazzística clássica e adotar maneiras de improviso derivadas da música nordestina e da música do oriente médio - todos os músicos brincam livremente com o material musical do tema principal, que é sempre reexposto, ainda que completamente transformado. Essa maneira de proceder resultou em um trabalho que é jazz e não é; é música nordestina e não é - poderia ser o disco perdido de John Coltrane em retiro espiritual no sertão.




Tracklist:


01 - Do Início ao Fim de Tudo
02 - Maracatu de Baque Etéreo
03 - Ciranda de Trêsz
04 - A Jóia do Universo

Clique na capa do álbum pra baixar, e clique aqui para baixar o documentário de 15 minutos com entrevistas com os músicos sobre o projeto.