O Grupo de Experimentación Sonora del ICAIC, criado em Cuba no final de 1969 foi um marco importantíssimo da música popular cubana. A Revolução Cubana completava dez anos, mas ainda estava longe de atingir o ideal socialista, tendo que lutar para sobreviver a despeito do embargo dos Estados Unidos e para reformular toda a sociedade a partir do zero. Nesse cenário, o governo não tinha condições econômicas de bancar os jovens músicos da ilha para deixá-los no mesmo patamar tecnológico do resto do mundo. Com o objetivo de contornar estes problemas, instrumentistas, compositores e técnicos de som vinculados ao ICAIC (Instituto Cubano de Arte e Industria Cinematográficos, o primeiro órgão de Cultura criado após a Revolução) formaram o Grupo de Experimentación Sonora.
A mente por trás do grupo é ninguém menos que Leo Brouwer, um dos principais compositores e violnistas do século XX. Pouco conhecido pelo público em geral que não é ligado ao violão erudito, Brouwer é respeitado como uma das maiores forças criativas de seu tempo, comparável a Béla Bartók ou Villa-Lobos pela maestria com que conseguiu fundir a música popular de seu país com técnicas experimentais de composição. E nessa época, nos anos 1970, flertou bastante com a música pop.
O Grupo de Experimentación funcionou também como uma espécie de oficina. Brouwer chamou vários músicos cubanos que já tocavam bem, e começou a instruí-los na música erudita. Deu-lhes aulas de contraponto, fuga, harmonia, formas musicais e composição. Em pouco tempo, todos os membros do grupo eram capazes de compor uma trilha sonora ou fazer o arranjo de uma música numa partitura. Nos encontros do grupo, escutava-se e tocava-se de tudo: de Frank Zappa a Gilberto Gil a Ravi Shankar a Iannis Xenakis. Experimentava-se com equipamentos de estúdio, se colocava a música cubana num patamar internacional, equiparável ao movimento musical que existia no Brasil nessa época (no qual o Grupo de Experimentación se inspirou em parte). Embora tenham gravado vários LPs, eles são apenas uma pequena amostra de todo o trabalho que foi feito pelo grupo. Os resultados mais famosos são músicas escritas na linguagem pop, com letras politicamente conscientes, mas que não perdem a ternura e a poesia - uma receita que lembra as obras de Mercedes Sosa ou do grupo latino-americano Tarancón - com temas camponeses, rurais e de exaltação à Revolução Cubana.
Esse disco, de 1974, registra uma pequena parcela da produção do Grupo. É parte integrante e inseparável da história da canção latino-americana, infelizmente esquecida no tempo, mas que sem dúvidas contribuiu para o desenvolvimento do estilo, e influenciou milhares de músicos que vieram depois - mesmo que nem eles saibam disso.
Tracklist:
01 - Cuba va
02 - Para una imaginaria María del Carmen
03 - Canción de todos
04 - El paplote se fue a Bolina
05 - Fragmentos de 27 Noviembre
06 - Éramos
07 - Danzaria
08 - Madre
09 - Quién me Tienda la Mano al Pasar
10 - El Rey de las Flores
11 - Campesina
12 - Un Hombre se Levanta
13 - Si El Poeta Eres Tú
14 - Canción de los CDR
15 - Bachiana Popular Cubana nº 2
16 - La Nueva Escuela
17 - Comienzo el Dia
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