Dedicado a um Estado Palestino.
Livre do abuso zionista de direitos humanos.
Dedicado a um Chechênia independente.
São dedicatórias incomuns para um disco de música eletrônica dos anos 90 feita por um inglês nascido e criado na Inglaterra. Mas para Bryn Jones, conhecido no underground britânico como Muslimgauze, os conflitos do Oriente Médio são o ponto focal do seu trabalho. Quando Israel invadiu o sul do Líbano em 1982, sob o pretexto de pacificar a região, atacando grupos da Organização para a Libertação da Palestina, Bryn começou a fazer música. Sem nunca ter visitado países árabes e se informando principalmente através de bibliotecas, jornais e televisão, criou o pseudônimo Muslimgauze e passou a apoiar os palestinos e outros povos oprimidos por conflitos gerados pelo "interesse ocidental em recursos naturais e vitórias político-estratégicas", incluindo aí chechenos, iranianos, afegãos, tibetanos, paquistaneses e indianos. Ele justificou o fato de nunca ter visitado esses países dizendo que uma terra ocupada não é uma atração turística - você não visita o lugar até ele ser livre novamente: "quer dizer então que para ser contra o apartheid você tem que visitar a África do Sul?"
Mas Muslimgauze circula habilmente um dos problemas principais ao se misturar política e música. Seu trabalho está longe de ser panfletário. Tirando alguns poucos samples vocais, sua música é inteiramente instrumental. Os títulos das músicas e dos cds, as dedicatórias e as imagens das capas são o suficiente para instigar o ouvinte a aprender mais sobre esses conflitos mundiais. "Não tem letras, porque isso seria pregação. É música. Descobrir mais depende de você."
Musicalmente, Muslimgauze é tão interessante quanto sua imagem. Surgiu no clima do anarco-punk DIY que varria a Inglaterra da época, que produziu bandas como Crass (que também tem uma preocupação política muito grande). Seu som segue a mesma linha lo-fi caseira, mas adaptada para a música eletrônica. É uma espécie de noise dançante, que não fica devendo nada a pioneiros da música eletroacústica acadêmica, como Pierre Schaeffer, ou a DJs do noise mais extremo, como Merzbow, mas que ao mesmo tempo tem uma influência muito grande de música étnica do Oriente Médio, de dub e dos gêneros de música eletrônica do underground britânico.
Escutar preferivelmente virado para Meca.
Tracklist:
CD 1 - Muhammadunize
01 - Devour
02 - Devour
03 - Khalifate
04 - Imad Akel
05 - Khalifate
06 - Imal Akel
07 - Fatah Guerrilla
CD 2 - Takij and Persian Blind
01 - Shishla Nain Royal Bidjar
02 - Minaret Above All Others
03 - Saleem Bou
04 - Khidmutghar One-Two-Three
05 - Dizurt
06 - Iman Shamil 1837
07 - Enjinn
08 - Dacoit Guild
09 - Deceiver for Yourself
10 - Anti-Arab Media Censor
11 - Negev Gulag
12 - Hakeem Alkimi
13 - Shaduf
CD 3 - Chechnya Overdub
01 - Resume and Shaduf
02 - Gifts from an Afghan
03 - Pahlavi Engineer
04 - Guilded Gulag Mind-er
05 - Under the Influence of Kolera
06 - Devotion of Abdul Karim
07 - Camel Abuse Does Not Egzist in Mogadisu
08 - Girl in a Red Turban
09 - Peacock Headress
10 - Sari of Acidic Colours
Clique na capa do álbum pra baixar.
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