A Orquestra de Tambores de Alagoas, mais do que só uma orquestra, é um laboratório de experimentações sonoras e de resgate de tradições. A própria formação do grupo, em 2004, explica isso. O mentor e "regente" da orquestra é o percussionista alagoano Wilson Santos, que desde 1989 se dedica ao estudo da tradição percussiva africana. A partir de oficinas e aulas que ministrava, juntou alguns de seus alunos e a orquestra estava formada - e o enfoque já não era apenas a música africana, mas a sua influência no Brasil. A tradição de música popular alagoana é em parte o fruto do encontro de duas culturas distintas: os escravos bantus trazidos da África subsaariana e os índios caetés, que habitavam a região de Alagoas. Essa dupla influência é o enfoque desse disco de 2008.
O duplo eixo de trabalho da Orquestra - tradição e experimentação - talvez seja a principal razão do resultado sonoro ser tão interessante. O grau de intimidade com o trabalho começa da matéria prima: assim como os bantus e caetés de séculos atrás, os membros da Orquestra de Tambores constroem seus próprios instrumentos. A pesquisa musical, histórica e cultural é extensa, a música é feita com a propriedade de quem vive aquele contexto. E ao mesmo tempo, há espaço para o moderno. Efeitos eletrônicos, instrumentos não convencionais e todas as sonoridades que só o século XXI pode nos proporcionar. Mas nada soando fora do lugar.
Vale mencionar a participação especial de Naná Vasconcelos na última faixa, Mundo Nagô.
Tracklist:
01 - Áyàn Enluará
02 - Tempestade Festa
03 - Zumba
04 - Helena
05 - Banzo
06 - Ação Dinâmica ao Caçador
07 - Tambor ou Bola
08 - Luanda pra Cá
09 - Ancestralidade
10 - Zé
11 - Dandalunda
12 - Baianá
13 - Mooyo (Horizontal)
14 - Mundaú-Nagô
Clique na capa do álbum pra baixar.
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