domingo, 12 de junho de 2011

Dalva Suada - EP [2011]


Quem vem acompanhando de uns tempos pra cá tá vendo que a Paraíba tá se saindo com umas produções que merecem o adjetivo fuderosas com todas as letras. Talvez o exemplo mais evidente seja Burro Morto, que já circula nacionalmente com a maior tranqüilidade, tendo inclusive a moral de chamar Catatau pra tocar no disco deles.

Mas na minha modesta opinião, hoje em dia, a banda que mais se garante nessas nossas terras é Dalva Suada. Quando você acha que vai ser muito difícil fazer algo novo sair daquele velho power trio guitarra-baixo-bateria (e no caso deles mais um integrante só pra cantar), aparece a Dalva Suada.

As origens de Dalva (e de todo um monte de coisa) remontam à Dalila no Caos (que só nos deixou um registro de três músicas). Não era um movimento, não era uma cena, não era uma trupe vindo salvar a música: era somente (somente?) uma galera tirando um som. Tirando um som não no sentido preguiçoso de um monte de músicos se juntando pra se divertir. No sentido de um monte de músicos se juntando pra divertir os outros enquanto se divertem. Dessa galera da Dalila, uns entraram na onda mais experimental, e apareceu o Burro Morto (com Daniel Jesi, Leo Marinho e Ruy Oliveira vindos do Caos). Mais recentemente, outros entraram na onda mais pesada mesmo (e de lá sairam Felipe Augusto e de novo Daniel Jesi). E a Dalva Suada é essa: Felipe Augusto na guitarra e nos backing vocals, Daniel Jesi no baixo, Nildo Gonzales na bateria e, last but not least, Marcelo Piras nos vocais.

Lançaram seu primeiro EP no ano passado, eu escutei e fiquei de cara. A qualidade do trabalho era fantástica. Talvez não desse pra entender muito bem as letras, mas isso nem era o mais importante. Um stoner rock pra cima, vocais que parecem gritados mas não são, e que parecem cantados mas não são, redondinhos mas não bonitinhos. Tem seus momentos de psicodelia mas não é aquela fritação chapada demais que poderia manchar o rock macho que tem ali.

Nesse segundo EP (que está saindo hoje nos melhores blogs de música independente brasileira), eles mostraram que conseguiram segurar o nível. Inclusive ficaram mais corajosos: entraram no perigoso mundo das músicas de rock maiores do que seis minutos – e sairam vitoriosos. Algumas músicas (como Boca Seca) já conhecidas de quem vinha freqüentando os shows, nesse EP eles mostram melhor ainda a parte experimental da Dalva, e que rock não precisa ser besta, e que não, tudo ainda não foi feito.

E é impossível deixar de mencionar a arte do EP, feita pelo artista plástico anti-establishment Thiago Trapo, que já tinha dado uma força indispensável à capa do primeiro EP da Ubella Preta. Pra mostrar que Dalva Suada não deixa passar batido nenhum detalhe: afinal o visual de uma banda é às vezes até mais importante do que a gente imagina que seja.

Pra terminar, um pedaço do show da Dalva Suada no primeiro Festival Derrame, lá na Piollin, só pra vocês sentirem o drama:



Tracklist:

01 - Amarelo
02 - Cabritado
03 - Inseto Castanho
04 - Boca Seca

Clique na capa do álbum pra baixar

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